APRENDENDO

João 4:31-34

31 Enquanto isso, os discípulos insistiam com ele: “Mestre, come alguma coisa”. 32 Mas ele lhes disse: “Tenho algo para comer que vocês não conhecem”. 33 Então os seus discípulos disseram uns aos outros: “Será que alguém lhe trouxe comida?” 34 Disse Jesus: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra.

A dinâmica da vida de Jesus era muito intensa. Os evangelistas mostram que sua entrega às pessoas que o cercam é absoluta. Poucas horas de sono, agenda cheia e muitos a serem atendidos, curados e ajudados. Com isso, seus discípulos se preocupam e oferecem comida, mas Jesus, deixando claro suas prioridades, rejeita.

A preocupação daqueles homens era legítima e cuidadosa, mas nas palavras de Jesus, percebemos que o Mestre discerne que se trata de uma preocupação excessiva com o bem-estar pessoal em detrimento do que Jesus tinha como mais importante: (…) fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra.

Fico pensando que os discípulos podem ter dado um excessivo destaque para a necessidade de Jesus se alimentar, como se tivessem dito: Mestre, tome cuidado, saco vazio não para em pé. Ou alguma coisa como aquelas que ouvimos da nossa mãe: Tá pensando que curar pessoas enche a barriga? São só especulações, claro.

Mas aqui temos Jesus consciente, diria até, plenamente consciente do que era mais importante a ponto de a comida perder sua importância.

As vezes pensamos que, por se tratar de Jesus, era o esperado. Dizemos: – Sim, Ele veio pra isso mesmo, para dar sua vida, para se entregar em sua missão, afinal é Jesus.

Quando pensamos assim, estamos certos, mas nem tanto. Certos, porque Jesus veio para isso, mas nem tanto pois esquecermos de sua voluntariedade em se doar. João 10:17-18 diz: (…) porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade.

Assim, Jesus escolhe, se esforça, se entrega e aprende a fazer da vontade do Pai sua vontade.

O autor de Hebreus nos diz que “Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu; e, uma vez aperfeiçoado, tornou-se a fonte da salvação eterna para todos os que lhe obedecem” – Hebreus 5:8-9. Então, de maneira deliberada, o Deus todo poderoso, se torna gente, vem até nós em forma humana e pleno em humanidade, se entrega a um processo de aprendizagem que resulta em aperfeiçoamento, cumprindo assim a vontade plena de Deus.

É preciso vencer nossa tendência docética (docetismo – doutrina herética dos séculos II e III, que negava a existência do corpo de Jesus Cristo, admitindo apenas a existência do espírito) que nos leva a ver Jesus como um E.T., isso porque é mais fácil pensarmos no homem sendo Deus, do que em Deus seR homem. Isso complica as coisas.

Sei que a encarnação é misteriosa mesmo, Deus e Homem plenos em um só. A teologia chama isso de união hipostática e não entenderemos isso adequadamente, pelo menos por enquanto, mas o certo é lembrarmos que Jesus veio como Homem e aprendeu a servir e obedecer ao Pai.

Mas voltando a João e sua narrativa, o que vejo é Jesus mostrando a seus discípulos que há coisas que são tão fundamentais que, diante de uma consciência amplificada e ajustada, ocupam a primazia da vida, tomando o lugar de coisas como a comida.

É como se Jesus estivesse dizendo: minha prioridade de vida está além dessa comida e vocês precisam encontrar a mesma consciência.

A plena humanidade de Jesus deve ser vista por nós como exemplo do que Deus que fazer em nós. Deus não foi a cruz para sermos seres frequentadores de igreja, mas para sermos mais humanos e essa plenitude de humanidade pode ser vista em Jesus, que aprende a valorizar o que deve ser valorizado.

Minha oração é que eu possa aprender a ser plenamente humano com Jesus, escolhendo as prioridades como Jesus, sendo gente como Jesus.

Hamilton Gomes

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BÍBLIA,COTIDIANO

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Latest Comments

  1. Obrigado por essa reflexão só me faz estar mais disposta a obedecer e amar o Senhor Jesus.

  2. Oi Amiga Damaris. O privilégio sempre é meu. Obrigado por sua doação e entrega àqueles que precisam falar e agora…