João 4.43–49 (NVI)

46 Mais uma vez ele visitou Caná da Galiléia, onde tinha transformado água em vinho. E havia ali um oficial do rei, cujo filho estava doente em Cafarnaum. 47 Quando ele ouviu falar que Jesus tinha chegado à Galiléia, vindo da Judéia, procurou-o e suplicou-lhe que fosse curar seu filho, que estava à beira da morte. 48 Disse-lhe Jesus: “Se vocês não virem sinais e maravilhas, nunca crerão”. 49 O oficial do rei disse: “Senhor, vem, antes que o meu filho morra!”

Jesus está de volta a sua terra, ou seja, estava em casa. Como João mesmo faz questão de nos lembrar, foi em Caná que Jesus que fez seu primeiro sinal miraculo, quando transformou água em vinho (Jo 2-1.12) e agora, diante dele está um oficial do rei pedindo que seu filho fosse curado.

Ambos os casos têm a ver com súplicas a uma transformação.

No casamento, Jesus transformou a água em vinho a pedido de Maria e agora, irá curar o filho do oficial do rei a pedido daquele homem desesperado.

Água em vinho. Doença em saúde.

Interessante lembrar que os dois casos requerem urgência. Maria sabe que um casamento judeu, que durava muitos dias, não pode ser adequadamente celebrado sem um bom vinho e que a ausência desse elemento tão importante colocará toda festa em risco, trazendo um desconforto muito grande aos pais e familiares do casal.  Era urgente. Assim como também era urgente o pedido daquele homem, que desesperado diz: 43 (…) “Senhor, vem, antes que o meu filho morra”.

Jesus tem poder para resolver essas questões, como realmente faz. A água se transforma em vinho e o menino é curado, mas Jesus, me parece que não está à vontade em fazer tais sinais. Vejamos o que Jesus respondeu a Maria depois de seu pedido.

João 2.4 (NVI) 4 Respondeu Jesus: “Que temos nós em comum, mulher? A minha hora ainda não chegou”.

Há um claro descontentamento apresentado nesta frase, que sempre é confundida com desrespeito, pois Jesus não queria que sua identidade Messiânica fosse revelada antes da hora. Sabedor dos riscos que corria, queria aguardar o momento certo para se revelar. Mas, sua misericórdia é maior e o Filho de Deus atende o pedido de transformação de sua mãe e o que deveria acontecer, acontece. Pessoas o reconhecem como Senhor e acreditam Nele. Neste caso, os próprios discípulos.

João 2.11 (NVI) Este sinal miraculoso, em Caná da Galiléia, foi o primeiro que Jesus realizou. Revelou assim a sua glória, e os seus discípulos creram nele.

Vejamos agora a afirmação de Jesus ao pai do garoto doente.

João 4.48 (NVI) 48 Disse-lhe Jesus: “Se vocês não virem sinais e maravilhas, nunca crerão”.

Aqui o problema é o coração daqueles que estão ao seu redor e só se interessam pelos milagres que podem ser feitos. Jesus se sente usado e não lhe interessa esse tipo de relação. Mas, sua misericórdia é tão grande que a dor daquele pai não passa despercebida. O garoto tem sua vida transformada e novamente, pessoas o reconhecem como Senhor.

João 4.53 (NVI) Então o pai constatou que aquela fora exatamente a hora em que Jesus lhe dissera: “O seu filho continuará vivo”. Assim, creram ele e todos os de sua casa.

Vários pontos ligam esses dois sinais miraculosos, mas talvez o mais importante de todos é que em ambos, Jesus foi reconhecido com Senhor. Ou seja, além da misericórdia e graça concedidos, em ambos os casos, pessoas se renderam a glória do Filho de Deus que estava presente entre eles.

Viram a transformação e se renderam a Jesus!

Penso que esse caminho seja bem eficiente ainda hoje, quando pessoas virem a transformação feita por Jesus, joelhos se dobraram diante Dele, mas não me refiro aos sinais miraculosos, ou milagres, como normalmente são chamados.

Isso porque fomos inundados por falsos milagres, que atraem muita gente e os memes do mesmo homem dando testemunho de várias curas vividas em uma das grandes igrejas, cuja liderança perdeu o temor e descaradamente apresenta milagres ensaiados, está na rede para todos verem. Há ainda a ação trabalhista de um homem que requer direitos por ter sido “caidor” ou coisa assim. Isso mesmo, ele “caía” nas reuniões.

Há ainda “pastores”, os quais deveriam cuidar do rebanho sem interesse (1 Pedro 5.2), mas produzem falsos milagres de prosperidade para atrair gente desesperada por dinheiro. E sabemos que há ainda um universo de coisas terríveis que os evangélicos produzem.

Tudo isso levou Jesus ao descrédito.

Já não se impressiona mais quando alguém é curado, e creio que muitos sejam, mas no cenário de pós-modernidade, onde tudo precisa ser provado cientificamente e diante do citado descrédito, pouco disso eleva Jesus ao status de Senhor. A prosperidade ainda chama atenção de muitos, mas todos vemos gente que não tem nada a ver com o evangelho, prosperando muito mais do que os fazedores de votos presentes nas igrejas, então, chego à conclusão de que a maior ferramenta de crédito a Jesus seja a transformação de pessoas.

Sim, pessoas transformadas em gente melhor, podem chamar mais atenção e dar mais crédito a Jesus como Senhor e Salvador do que pessoas curadas ou prósperas. Isso porque estamos diante dessa crise de credibilidade do evangelho.

Eu e você precisamos nos prostar diante de Jesus, como fez Maria, como fez o oficial do rei e pedir a Jesus que nos transforme em dignos representantes do Reino aqui nesta terra caída.

Que nos transforme em gente menos gananciosa e mais generosa.

Gente menos violenta e mais pacificadora.

Gente mais acolhedora e menos preconceituosa.

Gente que reflete o caráter de Jesus.

Gente que espelha o Cristo vivo andando pelas ruas, seja convivendo com a família, trabalhando, praticando esportes, fazendo negócios, se divertindo, ou até mesmo dentro de uma igreja, servindo aos demais com os dons que Deus nos Deus.

Jesus precisa ser visto em nós, não somente pelos milagres que pode fazer, mas principalmente por sermos sal na terra e luz neste mundo sombrio e sem esperança.

Oro por isso e me curvo diante Dele, pedindo sua transformação.

Fica aqui meu convite a você.

Hamilton Gomes