João 4.34–36 (NVI)

34 Disse Jesus: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra. 35 Vocês não dizem: ‘Daqui a quatro meses haverá a colheita’? Eu lhes digo: Abram os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita.

Sabendo que seu tempo era muito curto, Jesus deixa claro que sua vontade maior é trabalhar para a implantação do Reino e isso toma conta de seu coração a ponto de nem pensar na comida que tanto precisa. Agora, chama a atenção dos discípulos para a necessidade de perceberem que os campos estão prontos para a colheita.

A cultura daquele povo, assim como a nossa, tinha seus ditados, os quais repercutiam a realidade da vida rural, baseada na agropecuária. Então, Jesus diz algo que sabem bem, entre plantar e colher, há um tempo de espera. Mas no caso da colheita de vidas para o Reino, não havia esse intervalo e o campo estava pronto para ser colhido.

Não deixa de ser interessante nos lembrarmos que Jesus está em Samaria, aliás, conversando com a mulher samaritana e agora, apresenta aos seus discípulos aquele povo, que por séculos é considerado como imundo e sem valor, como um novo campo, pronto para a colheita.

Jesus abre aos discípulos judeus as primeiras frestas da janela celestial da graça para todos os povos, inclusive para os samaritanos.

Jesus está iniciando um processo de desconstrução no conceito de predileção dos judeus diante de Deus deixando claro que agora, todos os povos serão alcançados e seus discípulos deveriam compreender e abraçar essa verdade. O Jesus Messias, presente diante deles não veio somente para os judeus.

Não imagino a expressão dos discípulos. Seu Mestre havia escolhido descer da Galileia para Jerusalém através do território Samaritano, gastou seu tempo conversando com uma mulher samaritana e agora diz que os campos para colheita incluem esses mesmos samaritanos. Deve ter sido bem difícil lidar com tudo isso.

Às vezes, é dificil pra nós também, aceitarmos que Jesus não nos fez seus preferidos, como tantos acreditam, mas somos parte de um movimento de salvação para toda humanidade, incluindo aqueles de quem não gostamos muito.

Esse processo inclui perceber que em Jesus, os preconceitos devem ser vencidos, pois todo ser humano tem seu valor intrínseco, mesmo sendo de uma igreja diferente da minha, ou frequentando lugares de moral duvidosa. Até mesmo os declaradamente ateus ou seguidores de ídolos, ou ainda gente que torce para outro time que não o meu. Todos são campo fértil para salvação. Assim Jesus ensinou aos seus discípulos e a nós também.

Vencer nossas limitações e olhar para os campos prontos para a colheita é o que deve acontecer conosco e essa é minha oração!

Hamilton Gomes