Lucas 7:16 – NVT

Grande temor tomou conta da multidão, que louvava a Deus, (…)

Jesus, seus discípulos e uma grande multidão seguem para a cidade de Naim, que em hebraico significa “aldeia da consolação”. Tratava-se de uma vila muito pobre, local de morada para agricultores que viviam do cultivo das oliveiras, do trigo, uvas, figos e da criação de animais. Sua localização é a de aproximadamente um dia de caminhada da cidade de Cafarnaum.
Ali Jesus encontra outra grande multidão, que seguia o cortejo fúnebre do filho de uma viúva. Seu coração compassivo não deixa a situação transcorrer normalmente, e Jesus se dirige até o caixão, o toca e diz ao corpo sem vida daquele jovem para se levantar e assim acontece, o morto ressuscita sendo devolvido à sua mãe e logo em seguida um grande temor toma conta de toda a multidão presente.

Me chama a atenção o fato de duas multidões se tornarem uma só e é isso mesmo o que acontece, pois a multidão que seguia Jesus se encontra com a multidão que seguia o cortejo fúnebre e depois todos se reúnem em uma só multidão, maravilhados pelo milagre realizado por Jesus.

A bíblia nos divide em duas multidões: seguidores de Jesus e não seguidores de Jesus, crentes e incrédulos, justos e ímpios, salvos e perdidos e essa é a realidade a respeito da humanidade. No Salmo 1, a bíblia apresenta o justo como aquele que teme a Deus e o ímpio é aquele que segue seu próprio coração e não teme a Deus.

Me referindo aos que se consideram salvos, encontro em nós um problema: nossa esquisita percepção de que a misericórdia de Deus está apontada somente para nós.
Parece que Deus não se importa com mais ninguém a não ser conosco, que somos melhores, pois vamos aos domingos a igreja, lemos a bíblia, cantamos nossas músicas cheias de jargões evangélicos e afinal de contas, somos servos de Deus. Ás vezes ouço coisas do tipo “o grande servo de Deus” e penso que não exista contradição maior, porque o servo, serve e quem serve não é grande coisa nenhuma. Grande sempre é o senhor e nesse caso, o Senhor!

Jesus sinalizou que há um perigo muito grande a rondar os que se envolvem com a religião é sempre bom lembrar que seus algozes eram dessa turma. Os fariseus se achavam assim, melhores do que todo mundo. Apesar de sua moralidade ilibada, Jesus os classificou como raça de víboras e sepulcros caiados (Mt 12:34,35), falavam algo que não viviam.

Mas, voltando a nossa história, percebemos que Jesus se dirige a uma mulher viúva que havia perdido seu único filho. A situação de uma mulher nessas condições era muito difícil. Ser mulher, viúva e sem filhos, fazia dela alguém sem nenhum aparo e que viveria seus dias do favor de amigos e familiares. Além do mais, estava ali uma mãe, chorando a perda de seu filho e tudo isso gerou em Jesus uma profunda compaixão.
Sim, Jesus percebe a dor de alguém que não está caminhando em “sua” multidão e seus olhos se voltam para a dor desse alguém, que talvez nem saiba quem ele era. Jesus sempre se dirigiu a todos e continua fazendo isso. Nós é que queremos selecionar quem deve ou pode ser alcançado por Sua misericórdia.

Elencamos os que merecem ou não a salvação.

Selecionamos os que podem viver a graça de serem abençoados por Deus.  Queremos dizer quem é e quem não é digno da compaixão divina.

Talvez tenhamos esquecidos que nós mesmos fomos salvos por Ele e alcançados por Sua misericórdia indescritível e que continuamos dependendo dela. Não éramos, mas nos tornamos.

Efésios 2:3 a 5 (NVI) (…) Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira. 4 Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou,5 deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos.

Bem, mas no final dessa linda história, vemos todos unidos em uma só multidão, composta por aqueles que presenciaram o amor de Jesus alcançando aquela mulher e penso que assim poderíamos ser. Uma multidão de espantados pelo amor de Jesus, que alcança quem Ele quer e da forma que Ele quer.

Se fui sectarista, nem me lembro mais e estou aprendendo com Jesus que aquele que foi alcançado pela graça é como Paulo, dos pecadores, o maior (1 Timóteo 1:15) e assim fico “torcendo” para que a misericórdia dele continue sobre mim e alcance muita mais gente.