João 2:6-11 (NVI)

6Ali perto havia seis potes de pedra, do tipo usado pelos judeus para as purificações cerimoniais; em cada pote cabia entre oitenta a cento e vinte litros.7Disse Jesus aos serviçais: “Encham os potes com água”. E os encheram até à borda.8Então lhes disse: “Agora, levem um pouco do vinho ao encarregado da festa”. Eles assim o fizeram,9e o encarregado da festa provou a água que fora transformada em vinho, sem saber de onde este viera, embora o soubessem os serviçais que haviam tirado a água. Então chamou o noivo10e disse: “Todos servem primeiro o melhor vinho e, depois que os convidados já beberam bastante, o vinho inferior é servido; mas você guardou o melhor até agora”.11Este sinal miraculoso, em Caná da Galiléia, foi o primeiro que Jesus realizou. Revelou assim a sua glória, e os seus discípulos creram nele.

João, diferente dos demais evangelistas, se preocupa em registrar o evento que marca o início do ministério de Jesus. Os acontecimentos na festa das bodas em Caná da Galiléia são significativos para a percepção de algumas diretrizes e prioridades no caminho que o Cristo irá trilhar.

Diferente do que se espera, a palavra usada por João para qualificar a transformação da água em vinho não foi δυνάμεις (dunámeis) – MILAGRE, usada por outros discípulos para classificar eventos miraculosos. João utilizou a palavra σημείων (seméion) que é traduzida corretamente por SINAL.

João está dizendo que o que Jesus fez foi um SINAL.

Deve-se entender que um SINAL não tem fim em si mesmo. Ou seja, um SINAL aponta para algo além dele próprio. Como uma placa que dá nome a uma cidade, não sendo ela a cidade ou como um letreiro que divulga um produto, não sendo o letreiro o próprio produto, assim, um sinal diz alguma coisa a respeito de algo ou de alguém.
Vale destacar que o detalhe em não se perceber o que João fez, traz a possibilidade de se valorizar mais o sinal do que aquilo para o qual se aponta.

Antonio Pagola diz que “em concreto, os sinais que Jesus realiza orientam para sua pessoa e revelam sua força salvadora”.

Assim, João apresenta um milagre, mas o chama de sinal, porque a ênfase de João não é valorizar o milagre em si, mas aquilo que esse milagre diz. A transformação da água em vinho sinalizava todos que Jesus é o Messias! Portanto, a atenção deve estar Nele e não somente no que foi feito.

Um sinal diz coisas que não se pode ver completamente e assim João retrata Jesus. Diante deles não estava somente o filho de José e Maria, o carpinteiro, o amigo, mas sim o próprio Cristo, que continuaria sinalizando sua identidade messiânica para judeus e gentios saberem que havia chegado Aquele que fora anunciado desde de o Gênesis.

Olhar mais para Jesus do que para aquilo que Ele pode fazer é um desafio para nossa humanidade sofredora, mas assim deve ser.

Não há nada e ninguém mais digno de nossa admiração e respeito do que Ele, Jesus Cristo.

Triste coisa é não perceber a intenção de João e olhar somente para o milagre, desprezando o Cristo que chegou para mudar tudo, inclusive, água em vinho.