POR QUE NÃO FIZEMOS NADA?

Não costumo me ater na frente da televisão e isso já faz algum tempo. O motivo não é um desprezo ideológico, mas a quase convicção que não vou encontrar nada que me apeteça.

A imagem do homem sendo espancado em plena estação do metrô e diante de tantos populares, me veio ao conhecimento pela internet, mas resolvi não assistir. A violência já não me cai muito bem. Mas como o fato tomou os noticiários, não consegui escapar das cenas aterrorizantes. E talvez, como muitos, não me indignei somente pelo grau de agressividade e violência daquelas pessoas, mas creio que a indignação mais forte se deu pela passividade dos transeuntes que, apesar de espantados, não fizeram nada.

Posso estar sendo injusto, pois alguém pode ter feito alguma coisa, mas achei a reação, pelo menos aquela disponível no vídeo, muito desproporcional à barbárie realizada a frente daquelas pessoas. Nos pouco minutos do vídeo, esperei alguém fazer algo. Talvez gritar, chegar mais perto, tentar intimidar os agressores, fazer uma “rodinha” e deixá-los assustados, sei lá o que…, mas não vi nada disso.

A pergunta é: Por que?

Pensei em algumas possibilidades:

Medo. Sim, em uma situação do tipo, muitos têm medo, afinal de contas a bagunça pode se voltar contra eles. São instruídos a não reagirem, a não se exporem, seu instinto de preservação está em alta nessas horas.
Desinteresse por não conhecer o agredido. Muitos que não se movimentaram para defender o agredido, pensam que não devem fazê-lo, pois não se trata de alguém família, não é seu vizinho, nem mora em seu bairro, não o conhecem, nunca o viram.
Problemas pessoais. Outros podem ter se lembrado que, caso fossem socorrer o homem agredido, se atrasariam para seu compromisso, ou ainda que precisam zelar por sua reputação, ou mesmo, que poderiam estragar suas roupas e pertences.
Exposição. Sabendo que esse tipo de situação atrai a curiosidade e a mídia, outros podem ter se esquivado de uma reação, pois temem ter sua imagem vinculada a um problema como esse.
E dai? Um completo desinteresse por ajudar alguém em tal situação.

O detalhe é que em todas essas respostas há muito de egoísmo, autopreservação e desinteresse pelo próximo e essa é uma das marcas de nosso tempo. Somos capazes de ver alguém, e não interessa quem, ser agredido até a morte e nada fazemos. Sempre encontramos razões, como as citadas acima, ou outras, para não ajudar alguém que precisa.

Nossa cidade está embrutecida e nós estamos nos vacinando contra a dor alheia, nos bestializando como feras que não se importam com ninguém que não seja a si mesmo.

Nos isolamos em nosso mundo, protegidos pelos fones de ouvido e telas de celular os quais nos impedem de ver o outro.

Acredito fortemente que a cura para isso se chama evangelho. Não estou falando de religião, estou falando das boas-novas de reconciliação entre Deus e o homem, e entre homens e homens. Só o evangelho, em seu poder transformador, nos amolece, nos humaniza, nos capacita a habitar na dor alheia. Só o evangelho nos direciona a uma santa indignação contra a exploração do outro, contra a violência ao próximo, contra a desumanização que temos abrigado em nossos corações.

Jesus nos ensina a amar, ainda que seja nosso inimigo. Mas isso não está em nós, somos arredios mesmo. Portanto, a necessidade do evangelho, pois somente uma ação divina para nos tornar humanos como Deus deseja.

Por mais evangelho e menos mimimi…e que Deus nos ajude!

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COTIDIANO

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Latest Comments

  1. Obrigado por essa reflexão só me faz estar mais disposta a obedecer e amar o Senhor Jesus.

  2. Oi Amiga Damaris. O privilégio sempre é meu. Obrigado por sua doação e entrega àqueles que precisam falar e agora…