João 3:6-8 (NVI)

6O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito.7Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que vocês nasçam de novo.8O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito”.

O semelhante gera o semelhante. Com essa ideia, Jesus está dizendo a Nicodemos que o homem natural não tem em si o poder de gerar o espiritual, mas somente aquilo que é pertinente a sua natureza carnal. Carson diz que: (…) o nascimento natural e humano produz pessoas que pertencem à família terrena da humanidade, mas não aos filhos de Deus.  Assim Jesus denuncia que qualquer esforço humano na tentativa de se obter a verdadeira vida, é em si insípido e sem valor.

Não há caminho natural para o homem, que nasce carnalmente, nascer espiritualmente.

Somente uma ação divina pode transformar o homem natural em um novo ser, descartando a religião, a moral, o mérito, ou qualquer outro caminho. Por isso Jesus também diz ser necessário nascer de novo, pois o primeiro nascimento, que todo o homem vive, é o nascimento em Adão. Ao nascer naturalmente se é parte da humanidade que carrega em si o pecado, não só por herda-lo, mas tê-lo com parte de sua constituição.

Não é errado entender que “somos pecado” e por isso pecamos.

Ele, o pecado, está no ser humano de maneira ontológica, fazendo parte do seu ser, não sendo possível ao homem mudar tal condição. Trata-se, portanto, de um problema existencial que só pode ser resolvido na fonte de todas as coisas, Deus, que “amando o mundo de tal maneira”, em dado momento histórico, encarna e se apresenta como o sacrifício para resolução da questão humana, de uma vez por todas. Proporcionando a todo aquele que Nele crê um novo nascimento, que assim o torna filho de Deus, nascido em Cristo Jesus.

Jesus também enfatiza que o novo nascimento resulta em um distanciamento do modelo de vida vigente na sociedade onde se está inserido e para exemplificar usa o vento, que não pode ser controlado nem ter suas ações previstas. Assim Jesus está dizendo que o impulso de vida daquele que renasce em Cristo não é mais o previsível, o esperado pela sociedade. Tal indivíduo, renascido se torna dirigido pelo Espírito Santo e o resultado de suas ações, assim como aquilo que o vento produz, poderá ser visto, mas as motivações se distinguirão daquilo que rege a maneira de se viver, naquele local e época. Nascer de novo é, portanto, uma obra sobrenatural e graciosa de Deus na vida daquele que se compreende filho de Adão e reconhece sua incapacidade de mudar tal situação. E assim, o renascido, será como o vento, encaminhado por Deus para viver uma nova vida.