O TEMPLO DO CORAÇÃO

João 2:13-23 (NVI)

13Quando já estava chegando a Páscoa judaica, Jesus subiu a Jerusalém.14No pátio do templo viu alguns vendendo bois, ovelhas e pombas, e outros assentados diante de mesas, trocando dinheiro.15Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou as suas mesas.16Aos que vendiam pombas disse: “Tirem estas coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado! “17Seus discípulos lembraram-se que está escrito: “O zelo pela tua casa me consumirá”.18Então os judeus lhe perguntaram: “Que sinal miraculoso o senhor pode mostrar-nos como prova da sua autoridade para fazer tudo isso? “19Jesus lhes respondeu: “Destruam este templo, e eu o levantarei em três dias”.20Os judeus responderam: “Este templo levou quarenta e seis anos para ser edificado, e o senhor vai levantá-lo em três dias? “21Mas o templo do qual ele falava era o seu corpo.22Depois que ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se do que ele tinha dito. Então creram na Escritura e na palavra que Jesus dissera. 23Enquanto estava em Jerusalém, na festa da Páscoa, muitos viram os sinais miraculosos que ele estava realizando e creram em seu nome.

Desde a serpente construída no deserto, Israel não perdeu o péssimo costume de se envolver com a idolatria, mas como se diz, o que está ruim, pode ficar ainda pior. No momento histórico em que Jesus caminha pelas ruas de Jerusalém, a idolatria presente na religião de Israel não era aquela das imagens dos deuses pagãos, nem dos adivinhadores das histórias do Velho Testamento. Agora, a idolatria de Israel estava dentro do templo construído em nome de YHWH e o deus ali idolatrado era o próprio homem e seus interesses.

No topo da pirâmide estava o sumo sacerdote que, possivelmente, lucrava com as transações comerciais que ali ocorriam. Haviam os comerciantes de animais e os cambistas que atendiam prontamente os que precisavam trocar as moedas correntes pelo “shekel” ou “siclo”, que era a moeda usada exclusivamente no templo. Todo aquele sistema irritou profundamente Jesus. O cenário encontrado, não era o da genuína adoração, de corações contritos correndo ao encontro de Deus afim de obter seu perdão. Tampouco havia uma liderança religiosa preocupada em ser o real instrumento divino para acolhimento dos desesperados e alivio dos pecadores arrependidos.

O que se via era o interesse, o lucro, a apropriação, o ganho, a obtenção e tudo isso em nome de YHWH. Jesus não poderia ser conivente com isso. E não foi.

Ao defender o templo Jesus denuncia o coração daqueles homens, e de maneira profética, anuncia que em breve destruiriam o seu próprio corpo, lugar pleno da habitação de Deus, crucificando-o. Assim o Cristo está dizendo que a banalização do sagrado que levou Israel a situação vigente no templo seria a mesma que tomaria a mente e o coração dos homens, levando-os a crucificar o Messias. Definitivamente, os sinais, os milagres, os prodígios e as palavras únicas e especiais proferidas pelo Cristo, os quais sinalizavam para Israel, em alto e bom som: vejam, este é o Messias, não penetraram no escudo da ganância e interesse próprio que lhes circundava o coração.

Para cada ato, uma relutância. Para cada palavra, uma desconfiança. Para cada gesto, o desinteresse e alienação.

Mas algo a mais deve ser percebido, pois uma das mudanças drásticas presente no cristianismo, em relação ao judaísmo, é a ausência do templo, como lugar único para adoração.

Jesus reafirma tal verdade quando se encontra com a mulher Samaritana e responde a ela a respeito do local ideal para adorar a Deus: No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. João 4:23 (NVI)

Agora, adorar não significaria mais sacrificar animais no templo, mas sim um jeito de viver, uma maneira de pensar, uma expansão da mente, uma nova postura diante da existência, um novo modus operandi da vida vivida em resposta ao sacrifício que Jesus faria na Cruz em breve. Agora adorar é viver a vida como como Paulo indica. (…), irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Romanos 12:1 (NVI).

O desafio de todo que compreende tal caminho é não permitir que o templo vivo se transforme no templo de Jerusalém.

Não se perder em uma religião vazia, desinteressada na piedade, que se distancia do sagrado, que não atende o menos favorecido e que centraliza o periférico.
Auxiliado pelo Espirito Santo que habita nele, o crente vive adorando e adora vivendo. Tudo o que ele fazer é sacrifício, tudo o que ele produz glorifica a Trindade, tudo o que ele pensa exalta o Cristo, sua vida agradece aquele que, o salvou mediante sua incapacidade de se salvar.

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BÍBLIA

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3 Responses

  1. Texto bem atual para os nossos dias, muito boa sua análise textual, Deus abençoe Hamilton e continue escrevendo. Seus textos são bem interessantes, grande abraço.

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Latest Comments

  1. Obrigado por essa reflexão só me faz estar mais disposta a obedecer e amar o Senhor Jesus.

  2. Oi Amiga Damaris. O privilégio sempre é meu. Obrigado por sua doação e entrega àqueles que precisam falar e agora…