É DOS RAPPERS QUE ELES GOSTAM MAIS!

Em um jantar na casa de queridos amigos, além de um delicioso filé de frango à parmegiana, fui presenteado com uma história bacana sobre o rock n´roll e fiquei sabendo que Gene Simons, aquele linguarudo do KISS, atribuiu a derrocada do rock ao pessoal do grunge.

Bom, não entendeu nada? Então, vamos dar uma volta.

Com início nos anos 1970, uma das vertentes do rock, que aliás são muitas, ganhou um grande espaço na mídia. Esse rock tinha uma cara bem estranha, recebendo o nome de Glam Rock, abreviatura de Glamour Rock ou, em terras tupiniquins Rock Farofa. Tendo como principais destaques na época: Roxy Music; Sweet; Slade; Mott the Hoople; Mud e Alvin Stardust, além do famoso e recém falecido David Bowie, o Glam Rock tinha o espalhafatoso como marca.

Pense em roupas coloridas, calças super apertadas, cabelos grandes e cheios de laquê, maquiagem, purpurina, e outras coisas esquisitas que compunham o visual das bandas.

A música era de melodias grudentas, salvo algumas exceções, e os guitarristas, eram os maestros e dirigentes de tudo isso, faziam solos imensos e cheios de técnica o que os colocava na galeria dos super-humanos.

O Glam Rock vendia a ideia de que a vida era para ser vivida e curtida intensamente. A música tinha um forte sex appeal e os vídeos veiculados na MTV, eram cheios de garotas lindas com biquínis asa delta, carros de luxos, bebidas e ostentação, muita ostentação.

O cinema destacou o assunto com algumas boas produções. Entre elas Rockstar, dirigido por Stephen Herek e lançado em 2001. O filme conta a história do personagem Cris Coles, interpretado por Mark Wahlberg, que é convidado para largar sua banda cover e assumir os vocais do grupo de Glam Rock mais famoso da época, o Stell Dragon. Então ele conhece o mundo onde o trinômio: sexo; drogas e rock n´roll está acima de tudo.

Em um dado momento, Cris tem uma conversa muito interessante com o baterista A.C., interpretado por Jason Bonham, filho do lendário John Bonham, baterista do Led Zepellin. A.C. diz: – Seu trabalho é viver a fantasia que outras pessoas só podem sonhar. Não deixe por menos, amigo. Pense grande. Viva a vida. Definitivamente, eram os caras que todo jovem queria ser, com a vida que todos queriam ter.

Bem, tudo estava sob controle até que em meados dos anos 1990, surgiu o movimento grunge. O expoente maior dessa nova onda do rock, foi a banda Nirvana, dirigida pelo estranho e melancólico Kurt Cobain, que se suicidou em 1994.

Esse pessoal se comportava de maneira bem diferente dos astros da época. Tudo era simples. Camisa de flanela, calça jeans e cabelo bagunçado era o visual. A música era limitada a poucos acordes, sem solos de guitarra, com melodias boas e letras que falavam da existência humana, das crises da adolescência e da desigualdade social. Era um tapa na estrutura roqueira existente. Mas o detalhe é que deu certo e essas bandas atingiram a parada de sucesso americana e conquistaram o mundo.

Agora, qualquer um poderia ser um astro do rock mundial. A garotada percebeu que não era necessário ser o todo poderoso da guitarra para fazer sucesso e que com uma banda de garagem tudo podia acontecer. Assim o glamour dos farofas foi por água abaixo.

Não se pode esquecer que a vida glamorosa e ostentação eram o produto que todos queriam consumir, mas agora não se vê mais graça em ter uma banda e tocar, porque qualquer pode fazer isso. (incluindo eu mesmo…rs)

Então o espaço para um modelo de sucesso ficou em aberto. E o RAP chegou forte, entrando nessa lacuna e criando o gênero ostentação, que se tornou um estilo de vida que cerca a cena RAP em todo mundo. Tudo igual. Mulheres, carros, dinheiro, fama… o mesmo produto. Agora, os garotos não seguem mais os roqueiros, mas os rappers, que continuam ostentado riqueza, sexo, poder e fama.

Ou seja, a música mudou, mas o assunto não. Tudo gira em torno da mesma coisa. O que posso curtir nessa vida? O que vale a pena viver nesses dias? Qual modelo de sucesso devo seguir? É isso que move quase toda a indústria do entretenimento atual, modelos de sucesso a serem seguidos.

Mas é triste perceber que maneira antropocêntrica de se viver a vida entrou na igreja. Temos o “Glam Cristianismo” ou o “Cristianismo da Ostentação” em nossas tvs e rádios do Brasil inteiro, pregando o sucesso; a conquista; o resultado; tudo sendo impulsionado pela mesma ostentação e glamour.
São mansões, jóias; carros de luxo; seguranças; ternos caríssimos; tudo de bom e de melhor que esse mundo pode dar. Como os roqueiros, o rock e os rappers, o rap, os pastores utilizam o cristianismo para vender uma imagem de realização terrena que causa inveja a seus seguidores e os coloca sob o mesmo poder hipnótico, levando multidões a desejarem a mesma vida que esses “ungidos de Deus” vivem.

Tais “pastores” se aproveitam do desejo que as “ovelhas” tem e vendem a elas o que seus próprios corações querem e assim todos comem da mesa da ganância.

O Apóstolo Pedro destaca essa situação quando, falando a respeito dos falsos mestres, diz: Em sua ganância, inventarão mentiras astutas para explorar vocês, (…). 2 Pedro 2:3 – NVT O cristianismo atual carece de compreensão a respeito das palavras de Jesus que não nos direciona a viver de maneira apegada ao que essa era passageira nos concede, mas sim a termos satisfação e gratidão mesmo com o pouco, não sendo nosso alvo de vida o enriquecimento, luxúria, fama ou ostentação.

Evangelho ensina simplicidade

Não amem o dinheiro; estejam satisfeitos com o que têm. (…). Hebreus 13:5 – NVT

Evangelho ensina generosidade

Diga-lhes que usem seu dinheiro para fazer o bem. Devem ser ricos em boas obras e generosos com os necessitados, sempre prontos a repartir. 1 Timóteo 6:18 – NVT

Evangelho ensina humildade

Pois nem mesmo o Filho do Homem (Jesus) veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos”. Mateus 20:28 – NVT

Definitivamente, glamour não combina com evangelho.

Meu professor no Seminário Servo de Cristo, o pastor Ziel Machado diz que a igreja brasileira está em crise, porque sua liderança está em crise.

Penso que o melhor caminho para uma mudança, ou talvez o único, seja uma conversão de valores no coração daqueles que a dirigem e daqueles que a formam. Como o grunge faliu o rock, pois se esvaziou de ostentação, oro para que uma verdadeira “revolução ao simples” ocorra em todos nós.

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VIDA

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Latest Comments

  1. Obrigado por essa reflexão só me faz estar mais disposta a obedecer e amar o Senhor Jesus.

  2. Oi Amiga Damaris. O privilégio sempre é meu. Obrigado por sua doação e entrega àqueles que precisam falar e agora…