CRISTIANISMO PURO E SIMPLES

Cristianismo puro e simples
C.S.Lewis
Martins Fontes – São Paulo – 2014

Junto com: Cartas de um diabo a seu aprendiz, A abolição do homem e Os quatro amores, esse livro faz parte de um conjunto de quarto livros do autor, lançado pela editora Martins Fontes em 2005.

O autor é conhecido pelo grande público pela obra “As crônicas de Nárnia”, escrita entre 1949 e 1954 e que ganhou as telas do cinema encantando a muitos com seu mundo fantástico, de personagens incríveis e que, ainda que muitos não saibam, apresenta a mensagem do evangelho.

Ganhei o livro de meu filho Rafael e muito me interessou o assunto. Interesse este que aumentou depois que publiquei em meu instagram que iria começar sua leitura e os comentários foram muito positivos.

Na verdade, se trata do tipo de livro que leva você a pensar: Por que não li esse livro antes? Sim, estou admirado por ver como Lewis retrata o evangelho de maneira “pura e simples”.

O livro é fruto da transcrição, adaptação e compilação do conteúdo de programas de rádio apresentados pelo autor entre 1942 e 1944 na conceituada emissora BBC (Londres, UK) que o convidou para falar a respeito da fé cristã.

O momento inicial se torna um pouco cansativo, pois o autor apresenta algumas definições, presentes no livro I, e chamadas de “ O certo e o errado como chaves para a compreensão do sentido do universo” que demandam um pouco mais de atenção para serem absorvidas, mas nada que tire o brilhantismo da obra.

No demais, os temas são relevantes, atemporais e a narrativa é repleta de exemplo criativos que nos ajudam a compreender melhor o que está sendo apresentado.

A influência de Lewis na teologia atual é perceptível e um bom exemplo disso está na obra do pastor americano Timothy Keller, que aprofunda os pensamentos de Lewis em alguns de seus livros. Percebe-se que Keller bebeu nessa fonte, e pode-se dizer que bebeu bastante.

Não se trata de uma leitura recomendável, mas sim obrigatória a todos que procuram se aprofundar no conhecimento da sã doutrina.

Abaixo algumas frases desse ótimo livro.

A respeito da caridade

A diferença entre um cristão e um ímpio não é que este tem afeições e gostos pessoais ao passo que o cristão só tem a “caridade”. O ímpio trata bem certas pessoas porque “gosta” delas; o cristão, tentando tratar a todos com bondade, tende a gostar de um número cada vez maior de pessoas no decorrer do tempo — inclusive de pessoas de quem ele não poderia imaginar que um dia fosse gostar.

Não perca tempo perguntando-se se você “ama” o próximo ou não; aja como se amasse.

A respeito do orgulho

Se você acha que não é presunçoso, isso significa que você é presunçoso demais.

O prazer do orgulho não está em ter algo, mas somente em se ter mais que a pessoa ao lado.

A respeito do casamento cristão

Os princípios do casamento cristão estão baseados nas palavras de Jesus, que os dois se tornam uma só carne, sendo indivisíveis. A união sexual fora do casamento, carrega a intenção de se usufruir de somente um aspecto dessa unidade, o sexual, desprezando-se os demais. Trata-se de um caminho de busca da busca do prazer por si mesmo.

Se as pessoas não acreditam no juramento do casamento, seria melhor viverem juntas sem se casar, pois apesar da fornicação, não estariam cometendo o pecado do perjúrio.

A máxima dos contos de fada: E viveram felizes para sempre, não pode ser verdade e não é recomendável que seja. Pois se trata de paixão e não amor. O amor não é um sentimento é uma unidade profunda, mantida pela vontade e deliberadamente reforçada pelo hábito e reforçada (no caso do casamento cristão) pela graça que ambos pedem e recebem de Deus.

A respeito da fé

Não é a razão que me faz perder a fé: pelo contrário, minha fé é baseada na razão.

A fé, no sentido em que estou usando a palavra, é a arte de se aferrar, apesar das mudanças de humor, àquilo que a razão já aceitou. Pois o humor sempre há de mudar, qualquer que seja o ponto de vista da razão.

(…) temos de formar o hábito da fé. (…) O passo seguinte, se você já aceitou o cristianismo, é garantir que algumas de suas principais doutrinas sejam mantidas deliberadamente diante dos olhos de sua mente por alguns momentos do dia, todos os dias. (…) Temos de nos recordar continuamente das coisas em que acreditamos.

Nenhum homem sabe realmente o quanto é mau até se esforçar muito para ser bom.
Só os que tentam resistir às tentações sabem quão fortes elas são. (…) É impossível conhecer a força do mal que se esconde em nós até o momento em que decidimos enfrentá-lo; e Cristo, por ter sido o único homem que nunca caiu em tentação, é também o único que conhece a tentação em sua plenitude – o mais realista de todos os homens.

A principal coisa que aprendemos quando tentamos praticar as virtudes cristãs é que fracassamos. Se tínhamos a ideia de que Deus nos impunha uma espécie de prova na qual poderíamos merecer passar por tirar boas notas, essa ideia tem de ser eliminada. Se tínhamos a ideia de uma espécie de barganha — a ideia de que poderíamos cumprir a parte que nos cabe no contrato e deixar Deus em dívida conosco, de tal modo que, por uma questão de justiça, ele ficasse obrigado a cumprir a parte dele —, ela deve ser eliminada também.

O sentido em que um cristão deixa tudo nas mãos de Deus é que ele deposita toda a sua confiança em Cristo: confia em que, de alguma forma, Cristo vai dividir sua obediência humana perfeita com ele, obediência que Cristo carregou consigo do nascimento à crucificação. Cristo fará do homem uma imagem de si, compensando, de certa forma, suas deficiências.

Um Deus em três pessoas

Só os cristãos fazem idéia de como as almas humanas podem ser assumidas pela vida divina e continuar sendo elas mesmas — aliás, ser muito mais “elas mesmas” do que antes. (…) O objetivo único da nossa existência é ser assumidos pela vida divina.

E foi assim que começou a Teologia. As pessoas já conheciam Deus de forma mais ou menos vaga. Então veio um homem que dizia ser Deus; um homem que, no entanto, ninguém conseguia rejeitar como um lunático. Esse homem fez com que as pessoas acreditassem nele. Essas pessoas voltaram a encontrar-se com ele depois de tê-lo visto ser assassinado. Por fim, tendo-se constituído numa pequena sociedade ou comunidade, essas pessoas de alguma forma descobriram a Deus dentro de si próprias, dizendo-lhes o que fazer e tornando-as capazes de atos que até então eram impossíveis. Quando entenderam tudo isto, elas chegaram à definição cristã do Deus tripessoal.

Deus só pode se revelar verdadeiramente para homens de verdade. Isso não significa apenas homens individualmente bons, mas homens unidos entre si num único corpo, amando-se e auxiliando-se mutuamente, revelando Deus uns aos outros. Pois é assim que Deus quer que a humanidade seja: como os músicos de uma orquestra, como os órgãos de um corpo.

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BÍBLIA

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Latest Comments

  1. Obrigado por essa reflexão só me faz estar mais disposta a obedecer e amar o Senhor Jesus.

  2. Oi Amiga Damaris. O privilégio sempre é meu. Obrigado por sua doação e entrega àqueles que precisam falar e agora…