UNDER PRESSURE

Acabei de dizer pra minha esposa que preciso aprender a conviver melhor com a pressão. Pressão das situações difíceis que vivemos, pressão das cobranças que recebemos, pressão das expectativas que são colocadas sobre nós, pressão das contas que temos pra pagar, pressão dos objetivos que temos para alcançar, pressão, pressão, pressão…Na verdade, acho que piorei um pouco nesse quesito. Já passei muita pressão e suportei muito bem todas elas, mas ultimamente, confesso que estou meio “descalibrado”.

Mas em certo ponto, acho que a mais difícil delas, pelo menos pra mim, é a pressão que nós desenvolvemos a respeito de nós mesmos. Podemos chamar isso de auto-pressão. Procurei no “pai dos burros da era pós moderna” o Google e não achei nada que definisse esse termo, auto-pressão; mas gosto dele e podemos usá-lo para essa conversa.

Acho que a auto-pressão vem da nossa expectativa em sermos aceitos pela sociedade em que vivemos. Essa sociedade que tem modelo pra tudo e requer de todos resultados sempre muito altos.

Se você é pai, que seja o melhor pai do mundo, porque na televisão estão sempre entrevistando os melhores pais do mundo ou mostrando reportagens com os piores pais do mundo. São aqueles que batem, que matam, que abusam. Então, se não quero ser o pior, como esses canalhas da reportagem, preciso se o melhor, como os entrevistados que conseguem fazer tudo aquilo que você não consegue pelos seus filhos. Isso inclui fazer aqueles trabalhos da escola, estudar com eles, dar a atenção, estar no lugar certo e na hora certa. Tudo isso e muito mais.

Já na sua profissão, você sempre encontrará o melhor, o que bate todas as metas, o que se destaca, que faz mais que todo mundo, que é mostrado como exemplo. Lembre-se daquela reunião de metas que você participou e como foi difícil ser colocado como mediano.

Ser marido também não é fácil nessa sociedade dos grandes expoentes da arte de ser o melhor marido do mundo. Supridor, não pode faltar nada. Atencioso, não pode esquecer de nada. Ajudador, lavar a louça e ajudar a arrumar a casa é mandamento prioritário. Companheiro e amigo a todas as horas e fora ser o amante latino igual ao cara da novela, que faz a parceira ficar feliz só de olhar pra ela.

Até na igreja somos cobrados a sermos incrivelmente bons e sempre melhores do que somos. Dizem que o carro que eu tenho não é bom e que eu preciso de um melhor, preciso sair desse opróbrio desse carro que já tem mais “um ano de uso”. Se você é líder de qualquer coisa, saiba que teu ministério tem que mudar o mundo. Tem que ser o melhor, o maior, o mais bem sucedido, o mais criativo, o “mais maior” de todos e alcançar as nações. Não serve nada menor que isso.

E quanto ao visual? Me diga? Ser gordo não pode, ser calvo não pode, ser narigudo não pode, ser baixo não pode, ser muito alto não pode e ser muito magro também não. Espinha não pode, olheira não pode, pelanca não pode, pé grande não pode, muita barba é lobisomem e pouca barba cara de moleque. A roupa tem que ser da moda, de preferência de marca boa. Sobrou o que então? Os normais que tem tudo isso e algumas outras coisas que eu não disse, e que ficam olhando os modelos de perfeição usados nas novelas globais e se cobrando por serem como são. Difícil demais.

Enfim, as pressões nos alcançam e se transformam em auto-pressões. Porque aprendemos que ser assim, do jeito que nos cobram, é melhor. Queremos agradar essa sociedade que tanto nos cobra e as pessoas que nos cercam Queremos ser os melhores e os maiores.

Portanto, absorver essa pressão externa e torna-la interna é um caminho de sofrimento e auto destruição.

Acho que preciso me lembrar que o cristianismo não me pressiona, pois o jugo de Jesus é leve e suave. Aprendi que jugo é a forma como os mestres da lei, nos dias de Jesus, interpretavam a lei. Eles colocavam uma pressão sobre as pessoas, dizendo muitas coisas que eles mesmo não faziam. Então vem Jesus e diz para aqueles que estavam sob essa pressão, meu jugo não é assim, mas é suave e leve, é simples, é tranquilo, é libertador. O evangelho liberta o homem dessa pressão.

Penso que podemos ser mais normais, mas francos, mais emotivos, mais verdadeiros, mais comuns e isso não vai contra o evangelho, pelo menos o evangelho que está na bíblia onde Paulo diz em 2 Coríntios 12:10 … Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” Ou seja, admitir minha dificuldade em não atender as expectativas alheias que se tornaram as minhas expectativas, me faz forte.

Não tem nada a ver com conformismo, mas com a realidade de que não somos super-homens, mas dependemos de Deus.

Definitivamente, dependo da graça e do amor de Deus.

Algo que me conforta é saber que Deus me ama assim, com minhas limitações e meus defeitos. Aliás, me amou primeiro diz João, então, prossigo aprendendo a lidar com as pressões e melhorando a cada dia na minha busca por ser melhor em Deus e para Deus. Se for possível atender as expectativas, ótimo, se não for….paciência. Paciência comigo mesmo.

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VIDA

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Latest Comments

  1. Obrigado por essa reflexão só me faz estar mais disposta a obedecer e amar o Senhor Jesus.

  2. Oi Amiga Damaris. O privilégio sempre é meu. Obrigado por sua doação e entrega àqueles que precisam falar e agora…