Hoje meu pai completa 73 anos. Acabei de chegar de sua casa, onde comemos um bolinho, cantamos parabéns e oramos por sua vida. Coisa de gente simples e que gosta de coisas simples. Assim é minha família, e digo isso não com a intenção de propagar uma modéstia que não existe, mas para registrar a verdade. Somos simples sim, e dai?…

Mas o alvo do meu comentário é meu pai. Falar sobre meu pai pode me levar a uma exposição demasiada, mas fiquei com desejo de escrever sobre o que enxergo e sobre o que ele me ensinou.

Quando penso em trabalho, penso no meu pai.

Desde me dou por gente, eu o vejo trabalhando. Agora, merecidamente aposentado, vejo o quanto o incomoda ficar, poucos minutos, sem ter o que fazer. E incomoda mesmo. Na verdade ele sempre foi assim, trabalhando e trabalhando. Acho que foi uma das coisas que mais marcou minha infância e adolescência. Comecei a levar lanche para ele em sua oficina, que ficava na Vila Guilherme, ainda garoto. Café e pão. Mais uma vez, coisa de gente simples. Algumas vezes, eu ficava lá, ajudando, ou atrapalhando, não sei bem, mas ele trabalhava muito. Isso eu sei. De segunda a domingo, até meio dia. Imagine isso, meio dia de descanso por semana. Foi muito trabalho mesmo.

Quando penso em honestidade, penso no meu pai.

Sabe o que é pagar a conta antecipado? Sabe o que é não querer dever pra ninguém? Sabe o que é ter uma postura absolutamente limpa por onde passar? Assim é meu pai. Nunca vi ninguém cobrando nada dele. Nunca presenciei, nos vários anos em que trabalhei com ele, uma atitude de desonestidade para com nenhum cliente ou parceiro de trabalho. Nada de vender mercadoria estragada, nem de mentir sobre o que aconteceu com o carro do cliente, nada. Tudo muito ético e honesto.

Quando penso em fidelidade, penso no meu pai.

Isso e aplica ao casamento, são mais de 50 anos. Se aplica a igreja, se aplica a família e se aplica a Deus. Todo domingo estávamos na igreja. Sempre. Ele e minha mãe criaram a mim e a meu irmão nos caminhos de Deus, com certeza isso marcou minha vida.

Bem, preciso dizer que tudo isso foi acompanhado de muito esforço e dedicação, muitas lutas e muito suor. E sempre que penso como devo criar meus filhos, qual a herança que devo deixar para eles, quais os valores que preciso transmitir, quais as coisas que devo mostrar que não valem a pena, penso como meu pai fez isso.

Nesse mundo de valores distorcidos, apego material, famílias destruídas, enfim, nesse mundo corrompido e estúpido. Se eu conseguir deixar para meus filhos os valores que recebi, sei que se trata da maior de todas as heranças. Através dela, eles serão sonhadores, trabalhadores, terão temor a Deus, serão honestos e deixarão para seus filhos esses mesmos valores.

Trata-se do mais importante, do essencial, do precioso, daquilo que não podemos comprar, daquilo que não se fabrica, que não se tem a não ser que alguém, que te ama muito possa passar a vida ao teu lado te ensinando, não só com palavras, mas com a própria vida.

Que Deus me dê graça para ser como ele é. Um ótimo pai.